"A Plague Tale: Innocence" promete ser ainda melhor que muitos AAA
Como no cinema e televisão, existem também em indústrias de jogos, grandes produções (chamados de AAA, ou Triple A). Temos o exemplo de "The Last of Us", "Assassin's Creed", "God of War" e entre muitos outros, que são jogos com um grande orçamento, lançados globalmente e trabalhados por imensas pessoas. Ao fim ao cabo, são jogos de que se espera ou que se sabe com grandes certezas que vão ser um sucesso imediato.
Porém, existem também muitos jogos de baixo orçamento, feitos por um número de pessoas bem reduzido. Por vezes, alguns desses jogos conseguem até ser muito melhores que vários jogos de grande orçamento que provocam muito alarido nos mercados, temos por exemplo o jogo "Celeste" (que ganhou o prémio de melhor jogo Indie de 2018) e o "The Messenger".
Hoje estou aqui para falarmos um pouco de um lançamento recente que tem provocado imensa surpresa pela Internet e é um jogo com um orçamento bem reduzido, comparativamente aos de grande orçamento já referidos.
"A Plague Tale: Innocence"
Estava eu no Youtube, há cerca de um ano atrás, a ver uns vídeos sobre alguns dos jogos mais aguardados do ano. O Youtuber que estava a falar no vídeo, referiu perto do fim, que tinha interesse em jogar um jogo de baixo orçamento, que ainda não tinha assim muitos detalhes revelados, mas que focava na jornada de duas crianças abandonadas no meio de uma praga enorme. Pouco mais se sabia sobre o jogo, mas mesmo assim, o Youtuber ficou curioso por ver mais deste. Assim como eu, que também fiquei com "a pulga atrás da orelha".
O lançamento do jogo foi adiado, mudaram até o título e prometeram-nos o lançamento definitivo no dia 14 de maio de 2019.
Nunca mais me lembrei do jogo, sinceramente. Até que há uns tempos estava a ver umas notícias de jogos e vi que saíra um novo trailer deste jogo. Dei uma espreitadela e a curiosidade voltou, com ainda mais força.
O trailer mostrava um jogo inteiramente focado numa história bastante interessante, ambientado na Época Medieval, no início da Peste Negra na França e da guerra com a Inglaterra. Parecia-me uma boa aposta, parecia-me viciante, cativante. A jogabilidade também parecia deliciosa.
Mas, da última vez que fiquei empolgado com um jogo de baixo orçamento foi com o "Vampyr", pela Dontnod e obtive o jogo no dia do lançamento. Comecei a jogar de imediato e ao fim de umas quatro horas, desinstalei. O jogo era muito lento, aborrecido e não me oferecia assim tanto como parecia nos trailers, que também dizia focar imenso numa história cativante. Por isso, fiquei meio pé atrás quando decidi se queria ou não jogar este jogo, mas mesmo assim, decidi tentar.
Não resisti e adquiri a minha cópia de "A Plague Tale: Innocence" e até agora, não me arrependi nada. O jogo está a ser um sucesso e a receber imensos elogios, ultrapassando até classificações de novos jogos como "Days Gone", um dos maiores lançamentos deste ano.
Crianças, França Medieval, a Inquisição e muitos, muitos ratos!
Como já referi, o jogo toma lugar na França Medieval, quando a Peste Negra se inicia, a Inquisição se torna ainda mais brutal e a Inglaterra prepara-se para iniciar uma guerra com a França, a famosa Guerra dos Cem Anos.
Gostei muito do período histórico escolhido! Eu adoro muito História e adoro o período da Peste e da Inquisição, por isso não podia ficar mais feliz.
Porém, a história toda começa mesmo na véspera de todos esses acontecimentos.
Conhecemos Amicia de Rune, filha de Senhores nobres. Ela diverte-se com o seu pai e com o seu cão, Lion, na mata perto da sua casa. Amicia quer tentar a pontaria com a sua fisga e o seu pai pede-lhe para tentar a pontaria nas maçãs de uma macieira. Após isso, Amicia vê que Lion persegue algo, um javali.
O pai pede a Amicia para o caçar, mas este foge. Lion persegue o animal, mas de repente, instala-se um enorme silêncio. Amicia procura o cão e encontra o cadáver do javali, onde apenas se encontram as ossadas. Ela avança e encontra o seu cão, já muito fraco, perto de um buraco de aparência estranha. De repente, o cão é agarrado por algo misterioso e morre nas profundezas do buraco.
O pai de Amicia pede-lhe que volte a casa e peça a todos para se reunirem com ele. Amicia assim o faz e encontra-se com a sua mãe, que cuida do seu irmão mais novo, Hugo, que nunca sai do seu quarto devido a uma doença misteriosa que este possui. Amicia não conhece muito bem o seu irmão, mas é obrigada a tomar conta deste quando a sua família é assassinada pela Inquisição, que procura ter Hugo.
Agora, o principal objetivo de Amicia é ter Hugo a salvo e levá-lo a um médico que o costumava tratar. Mas essa jornada não vai ser tão fácil assim, pois uma misteriosa praga inicia-se e a Inquisição faz tudo por tudo para ter o jovem rapaz.
Ao longo do jogo, vamos analisando o crescimento do amor entre os dois irmãos. Amicia sente-se responsável, quase uma mãe, para Hugo e este vê a irmã como a sua salvadora. É triste também de ver a solidão dos dois e o sofrimento destes enquanto encaram todas estas desgraças.
Mas se acham que o pior inimigo dos dois vão ser os soldados da Inquisição, estão enganados. Preparem-se, pois no escuro esconde-se o verdadeiro inimigo: os ratos. E são imensos! Estes devoram tudo rapidamente, espalham doenças e destroem qualquer coisa que esteja na sua frente. É aqui que o jogo nos obriga a pensar em estratégias para escapar à Praga.
Alguns detalhes finais
O jogo foca muito em stealth, mas também nos oferece vários momentos repletos de ação, como lutas com soldados armados até aos dentes ou perseguições. Entre tudo isso, temos apenas a nossa fisga, que pode ser melhorada ao longo do jogo.
Gostei desta jogabilidade, é diferente. Achei bom distanciarmos-nos um pouco das armas de fogo e como a protagonista é uma criança, achei a fisga uma arma apropriada.
Os puzzles são desafiantes, mas também não são muito difíceis. E a cada vez que perdemos, não conseguimos não clicar no botão de tentar novamente, fica-se desejoso de conseguir passar o desafio.
Elogio os gráficos do jogo, que para um jogo de baixo orçamento, estão muito bons, até ao mesmo nível de um bom "Tomb Raider". A banda sonora também está fabulosa, encaixa perfeitamente. Critico um pouco as vozes dos personagens, não têm tanta emoção como deveriam ter. Crítico também alguns bugs, como as pestanas dos personagens que de vez em quando levantam voo ou até queda de frames, mas acredito que isto seja corrigido em breve.
Os ratos estão aterrorizantes. Mesmo passadas várias horas de jogatina, não deixamos de ter nojo daquelas criaturas irrequietas, raivosas e com um enorme desejo de sangue.
Ainda não terminei o jogo, mas já falta pouco. Posso dizer que estou a adorar! Está a exceder um pouco as minhas expetativas.
Muitos já o terminaram e pediram imediatamente uma sequela, porém, hoje foi nos dada a notícia que não chegará nenhuma sequela ou sequer uma DLC, que este jogo é uma experiência única.
Então, posso dizer sem sombra de dúvida, "A Plague Tale: Innocence" consegue ser muito melhor que vários jogos com o selo AAA. Mostra-nos o terror de duas crianças inocentes, sozinhas entre batalhas indesejadas e uma praga que começa a aumentar cada vez mais.
Recomendo imenso e espero que ganhe alguns prémios. O jogo está fantástico.
"A Plague Tale: Innocence" está disponível para PC, Playstation 4 e Xbox One.
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